Para saber melhor como lidar com sua decisão separei a questão em: COBERTURA, RETOQUE, REFORMA ou BLAST OVER.  

Cobertura é a sobreposição de um desenho tatuado e cicatrizado. Geralmente o desenho novo deverá ser no mínimo 3 vezes maior do que o antigo. Claro que cada caso tem suas particularidades, mas via de regra seguimos essa proporção. 

Na hora de definir o que será feito na cobertura o tatuador deverá empregar seus esforços compositivos na tentativa de iludir o olhar e fazer com que a tatuagem antiga desapareça de forma discreta. O Equilíbrio de contraste é muito delicado já que a parte escura de um desenho tende a ter um peso visual maior, fazendo com que a parte clara deseje mais espaço para compensação visual. Sendo assim, espera-se do cliente maior entrega em relação ao processo criativo, entendendo que deverá haver um consenso entre o que é desejado e o que é possível.

Alguns tatuadores sugerem o uso de laser ou fazem sessões de tinta branca com a finalidade de clarear a tatuagem antiga. Essas são possibilidades já exploradas e podem de fato funcionar, mas prolongam o processo bastante já que cada sessão de ambos os processos tem um período específico de cicatrização antes de poder tatuar naquela região. E não há garantias de 100% de eficácia. Sessões de sobreposição com tintas claras devem ser administradas com cautela, já que lesionar o tecido diversas vezes no mesmo local pode aumentar a chance de cicatrizações atípicas.

O retoque é um recurso utilizado em duas situações: para corrigir possíveis falhas que apareçam após a cicatrização ou para revitalizar uma antiga tatuagem que está desbotada. 

A reforma por outro lado além de incluir retoques adiciona a antiga tatuagem novos elementos a composição.

Muitos clientes perguntam antes mesmo de finalizar a sessão quando ele deverá retornar para o retoque. Particularmente eu acredito que o retoque não deve existir. Tatuagens fazem parte de um organismo vivo que está em constante alteração, elas desbotam e se modificam independente dos nossos cuidados e você tem que estar ciente disso antes de começar qualquer sessão! É de se entender que naqueles 15 dias após o período de cicatrização você queira retocar uma ou outra linha que tenha desbotado durante a cicatrização. Mas eu acho extremamente desaconselhável você ficar retocando a cada intervalo determinado de tempo uma tatuagem. É como lesionar e lesionar diversas vezes o mesmo local. Eu vejo uma velha tatuagem como um vinil velho, ou aquele tênis que saiu de moda e voltou quatro vezes e você ainda prefere ele, mesmo sujo e rasgado!

É claro que se algo está te incomodando demais você deve procurar um profissional para resolver, mas vale a pena refletir se UMA linha falhada é realmente o problema.

Essa é uma forma de reuso de espaços do corpo com a tatuagem. Blast over é um recurso de se "atropelar"o que estiver tatuado sem tentar cobrir totalmente ou disfarçar o que ficou por baixo. É uma técnica que lembra muitas vezes a imagem de um conjunto de adesivos sobrepostos.

Para pessoas pouco tatuadas essa técnica talvez não pareça fazer tanto sentido, mas fazendo uma busca rápida na internet você pode conferir como a sobreposição de tatuagens em um máximo contraste de preto sobre velhas tatuagens coloridas desbotadas criam um visual impressionante. Uma ótima opção pra quem não tem mais espaço no corpo.

As linhas de uma tatuagem, durante o passar do tempo tendem a se expandir, perdendo um pouco da nitidez. Esse processo é natural e esperado, podendo levar mais ou menos tempo, dependendo de cada pele e dos cuidados que a pessoa tem ao longo da vida. 

Retoques ou reformas devem levar em consideração a situação da antiga tatuagem para avaliar se é possível manter a mesma espessura de linhas e fidelidade no desenho. Linhas feitas inicialmente muito finas ao longo dos anos tendem a se apresentar mais espessas e por tanto o retoque pode não conseguir mais aquele resultado anterior.

Geralmente as linhas são as partes mais importantes numa tatuagem. No caso das coberturas elas deverão evitar ao máximo sobrepor a área da imagem antiga, diminuindo assim possíveis ruídos visuais. No Blast Over as linhas deverão de preferência ser mais espessas e ter forte contraste com as áreas claras do desenho.

Sejam qual for o processo escolhido por você e seu tatuador, o preenchimento e/ou sombreamento estarão presentes em algum nível. Para fins didáticos vamos entender que preenchimentos são áreas regulares ou irregulares, totalmente coloridas de forma uniforme. E os sombreamentos são áreas equivalentes, mas que possuem um degradê ou transparência que correm de maneira intercalada com preenchimentos e/ou superfícies de pele.

Os preenchimentos são as estrelas da cobertura. Via de regra a cor preta só será sobreposta pela mesma, com excessão de casos onde ela está clareada por processos a laser ou já desbotada pela ação do tempo. Cores claras não cobrem cores escuras, quanto maior o contraste mais difícil será a opção de cores para sobreposição.

Além da parte técnica tem também uma parte psicológica envolvida no processo de querer sumir com uma tattoo. Muitas vezes o que está te chateando na tatuagem não é o desenho, que ficou mal feito ou fora do escopo inicial planejado. E nem o significado que já não faz mais sentido pra você. As vezes o que está te incomodando é a lembrança da sessão, uma experiência ruim, um toque desconfortável ou um atendimento impessoal demais. 

É muito importante você tentar reconhecer o que realmente te incomoda naquela tatuagem que você pretende modificar, até mesmo para que experiências ruins não se repitam e você possa viver em paz com as suas tatuagens!